ALMA QUE HABITA NO ESPELHO
(INÉDITOS)
Ainda que não me ames...
Ainda fazes parte do meu ser
Das minhas noites mal dormidas;
Ainda que não me ames...
Sei que bebeste prazer
Na fonte inesgotável do meu corpo;
Ainda que não me ames...
Amaste-me:
- Nos silêncios...
- No deleite...
- Na luxúria... Lasciva...
Até adormeceres no meu peito.
Foste cântico de Sereia em alto mar
Barco navegante nos meus beijos
Sol que arrancou pedaços da minha pele
Nas melodias à média luz;
As mãos nos conduziram à estase;
De dois corpos em paixonetas nocturnas
Almas entrelaçadas nas velas da contraluz.
Não sintas maior amor
Do que aquele...
Que emana dos lençóis onde dormiste
Da luz em que teus seios banhaste
Nas carícias dos versos
Deste poema onde um dia foste flor.
Aromatizadas palavras bordadas no linho
Fragâncias de velhas saudades
Do teu corpo sem perfume algum;
Só o vento sopra, aromas da terra húmida
Fria... Numa zumbira outonal.
Ainda que não me ames...
Irás procurar-me nos limites
Nos horizontes
Dos teus dias de indiferença
Nas noites desiguais
Na espera de outro corpo...
Espelhado na vida
Tão intensa e fugaz.
E.G.
Fotografia de Dani Olivier.
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