LEMBRAS-TE AMOR


 Lembras-te amor...

Daqueles dias em que nos beijávamos às escondidas. Das escapadelas até aos bailes mais próximos nas noites de verão. Lembras-te dos sussurros ao ouvido enquanto dançávamos ao som da música, num murmurar que se pedia entre os sons da sala, à mistura com as inúmeras pisadelas que te dava, inconscientemente, por não ser um exímio dançarino.

Lembro-me do primeiro beijo. Já muito tarde, quando os nossos corpos se encontravam entorpecidos de tanto serem amassados pelos pares de dança que por ali flutuavam.

Lembras-te amor...

Quando os nossos olhares se cruzavam num convite dissimulado, envergonhado mas de aguçado brilho! Olhavas-me como se eu fosse uma gasosa fresca o remédio para a tua sede... Apetecias-me mas tardava sempre um pouco mais tentando vencer a timidez ruborizada... Perdido nas tuas miradas que mais pareciam duas ( Laranjinas c’s) quando conseguia fixar por um instante breve, muito breve, enquanto encetava-mos ar nossa dança gaseificada a borbulhar nas emoções contidas.

Lembras-te amor...

Como nos galanteávamos timidamente em surdina a corar de tanto atrevimento... A música nos convidava ao enleio romântico até altas horas da madrugado num festim que desejaríamos não ter fim. Falávamos sempre na próxima festa, no baile mais próximo para uma próxima vez – E nós não sabíamos dançar – Bem, tu até dançavas melhor que eu... Adorava sempre ver-te com o teu melhor vestido, o teu cabelo entrançado numa simplicidade que muito me seduzia como o teu sorriso franco, descontraído e alegre de menina casta.

De cada vez que entrava num salão de baile – ainda que não soubesse dançar (nem me preocupava em aprender porque estar contigo era tudo para mim) percorrias todos os recantos com o olhar à tua procura e senão te via, inquietava-se o meu coraçãozito ao pensar que não virias ou tardarias um pouco mais ou até... Talvez a mamã tivesse notado algo entre nós e não te deixasse vir nesse dia. Sim! As mães faziam isso.

Finalmente amor que voltaste e pude dançar outra noite contigo. Dançámos nessa, noutra e muitas outras noites! Ainda dançamos aquela música cada vez que a ouvimos e recordamo-nos e rimo-nos das vezes que a dançávamos, dos olhares dissimulados numa imperfeita dança... O amor que em nós nasceu, cresceu e multiplicou-se.

Outros tempos... Lembras-te amor!

E.G.

9/7/17
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