Amor em tempo de guerra

Ela caminhava num passo lento, descontraído, mas firme. Era mais uma pessoa entre a multidão. Não se distraía a não ser para admirar alguma montra com coisas simples, mas bonitas, como era o seu ar desengonçado, mas gracioso.

Nas ruas as pessoas circulavam apressadamente num vai e vem constante como se não houvesse amanhã – possivelmente não há – numa indiferença estonteante, mas que a ela lhe era completamente indiferente também. Sim, porque ela era filha da “indiferença”, a mesma que reinava diariamente nas ruas de todas as grandes cidades. Habituada a cirandar pela cidade como se de um carrocel se tratasse, num entra... Sai... Monta... Desmonta... Enfim!
As horas passam, os dias correm, e as pessoas voam. Não se lhe conhecia parentes, amigos ou namorados, talvez por ser discreta, reservada. De vez enquanto se detinha a comtemplar algo que lhe chamava mais atenção, deixando soltar um breve e gracioso sorriso, o mesmo sorriso que ainda hoje os meus olhos guardam.

O meu caminho era outro e como militar tinha obrigações, deveres, responsabilidades para com o país, cumprindo assim um dever cívico obrigatório, ao qual, só por um milagre te safavas, quer ao serviço militar obrigatório, ou a uma viagem até uma província ultramarina para “defender” o que nunca foi nosso.

Um belo dia, estava de serviço à porta de armas e como é um serviço onde tens que estar com redobrada atenção, fixei o meu olhar numa silhueta que caminhava do outro lado da rua e por momentos, deixei que ele seguisse aquele corpo descontraído, desengonçado e gracioso. Apertei a arma que usava com mais força, puxei a boina para a nuca e exclamei!...
- continua...

E.G.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

MYTHOS da Lua Nova

PLATINUM IX

LUZÍA

TOQUE DE ASA

TOQUE DE OUTONO

CONFIA

ANTES DO FIM

DANÇA NA CHUVA